quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O descalabro

Esta manhã ao ouvir as notícias e os comentaristas de serviço na Antena 1,a propósito da crise económico-financeira,ocorreu-me que não tenho nenhuma razão para tristezas com o descalabro,ou não desejasse eu,desde a adolescência,a queda do modelo capitalista.De facto, desde que me entendo politica e ideologicamente,que me incomoda e rejeito este sistema que transforma tudo e todos em mercadorias transaccionáveis, para enriquecimento de uma clique ínfima.Esta obscenidade,que permite que, enquanto se morre de fome e doença em vastas áreas do planeta por falta de recursos mínimos,muito poucos se afoguem num usufruto imoral de luxos e grandezas,à conta da apropriação das mais valias geradas na exploração e na especulação,ironicamente,transporta os códigos da sua própria destruição.Faz lembrar a história do escorpião e do elefante!
O que vivemos na actualidade é ,sem dúvida, a agonia deste modelo,que numa deriva paranóica de medidas e actores cada vez piores,se aproxima inexoravelmente do "requiem".Vou-me portanto deixar de tristezas ,mas tenho uma enorme preocupação e evidentemente,uma inquietante curiosidade com o que lá vem a seguir. Esta variável anda à solta,era adquirido para mim,e provavelmente para muitos outros,que um modelo substituiria o outro,e nada se vislumbra.Esta é porventura a questão mais importante e actual,que deveria ser pensada e desenvolvida,como se procura uma vacina ou um medicamento para uma doença.A teorização e organização dos movimentos de expressão popular que aparecem por toda a parte,assim como o de experiências anteriores de busca de soluções autónomas de poderes,parece-me a mim um dos caminhos possíveis,para preparar o futuro próximo e afastar o vazio inquietante e caótico.
Se for o caos a sobejar,será mais custoso,mas alguma coisa dele surgirá,na história da humanidade já aconteceu e na ordem cosmológica é todos os dias!

jotacmarques

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Antigamente é que era...

Vem a propósito de uma conversa tida esta manhã,o saudosismo do "antigamente é que era".Ouço recorrentemente esta fórmula, quando se pretende desclassificar o presente,a significar tempos formidáveis,passados e irrecuperáveis.Os autores do dislate são os mais velhos,obviamente.
Se é certo que, em termos relativos, tempos houve em que a vida era mais segura,mais previsível,as relações pessoais e sociais mais duradouras,a verdade é que,em termos absolutos,o presente é substancialmente melhor.Os indicadores económicos e de bem estar,dos países e das pessoas,mostram-no claramente.Não se percebe portanto a recorrência à fórmula,o que sugere que quem a usa,tende a não compreender o tempo presente. Esta situação conduz frequentemente a perturbações psicossociais graves,a conflitos socio-emocionais devastadores,e em última análise,também aqui residem os conflitos geracionais.
O rigor nunca é em demasia,aconselha-se veementemente!

jotacmarques