sábado, 31 de dezembro de 2011

Mensagem de fim de ano

Amanhã dia de ano novo lá teremos as habituais mensagens dos dois mais importantes governantes da nossa terra,a saber,o inefável Cavaco Silva e o simpático Passos Coelho.O tema será o da necessidade de nos sacrificarmos hoje, para termos um país melhor e sermos mais felizes no futuro.Cavaco meterá uma ou outra bucha de aviso ao governo,a parecer que seria mais brando nas medidas de austeridade,que é o paladino na defesa dos velhos e reformados,de pobres e desempregados e outras misérias afins.Passos Coelho vai-nos fazer ver que a privatização da EDP,esse feito grandioso,trouxe-nos o paraíso na Terra,que é preciso ir mais longe que a troika, no rigor e na austeridade,para os mercados verem que assim é que é, e passarem a confiar cegamente em nós.De um e de outro lado é um "dèjá vu",já vimos este filme!O discurso vai num sentido e a realidade dos factos no oposto,os juros pagos ao ditos mercados sobem,o país está cada vez mais de cócoras perante os credores e há-de passar à posição horizontal,se é que não está já,os desempregados,os reformados,velhos,novos,toda a gente, estão cada vez mais pobres e desamparados.E tudo aconteceu e acontece numa espiral vertiginosa,que nós aparvalhados, nem conseguimos perceber como e o que é que nos aconteceu,apenas que o dinheiro é cada vez menos e que tudo fica mais caro.De forma que, e porque amanhã ninguém nos vem explicar nada disto,apenas nos vêm mais uma vez pedir para amocharmos,dobrarmos mais a cervical perante o grande inevitável,a minha mensagem de fim de ano é a de que toda agente vá passear,que o tempo está bom,que não se ouça o Cavaco e o Coelho,que todos se estejam "a cagar",perdoem-me o populismo,para as mensagens de ano novo.

jotacmarques

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

11%............???

A China está a crescer a um ritmo de 11% ao ano é a notícia dada ontem na RTP1.Fico siderado com uma taxa tão impressionante,especialmente quando na Europa e nos Estados Unidos o grande feito consiste em evitar a recessão, esforço improfícuo,e alcançar crescimentos pífios.Entretanto,segundo relato na rádio de um nosso concidadão emigrado num confim qualquer chinês,a repartição da riqueza criado com este enorme crescimento é muito desigual.Apesar de se evidenciar na melhor qualidade de vida da população em geral,o fenómeno da enorme desigualdade faz conviver ferraris e lamborghinis com ricoxós e bestas de carga, em ruelas enlameadas e sujas a formigar de gente.Uma fotografia pouco edificante e esclarecedora de um país que há anos cresce com taxas de dois dígitos ou a rondar.A China abdicou de uma economia centralizada e planificada,e introduziu o sistema liberal capitalista,numa coexistência com um regime político e social de partido único comunista.Benefícios sociais não existem,liberdade de expressão idem,a política de salários muito baixos e de cargas horárias de trabalho elevadíssimas é a regra geral,o uso e abuso na aplicação da pena de morte é medieval,o poderoso sector industrial pouca ou nenhuma prevenção aplica na defesa do ambiente, originando níveis muito elevados de poluição,enfim,estamos perante uma economia que cresce baseada em paradigmas que no mundo ocidental eram impensáveis.A complexa e difícil concorrência com este tipo de economias,chamadas de "emergentes"(China,Índia,Brasil,as mais importantes),versus ocidente,originando ciclópicas transferências financeiras para estes países,está na origem da ruína da Europa e das dificuldades dos Estados Unidos.Claro está que o ocidente que há anos vem deslocando para estes países empresas e tecnologias,que facilitou as importações,na mira gananciosa de grandes, fáceis e rápidos lucros,tinha a médio e longo prazo de pagar a factura,o que actualmente está a acontecer.
Conclui-se que alguém está a perder com o enriquecimento da nomenclatura política e económica chinesa,quem será,é perguntar ao exército de trabalhadores chineses e o dos países ocidentais.

jotacmarques

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A justiceira

Ontem aconteceu na SIC Notícias um raro e importante momento do jornalismo televisivo português,Maria João Avilez foi entrevistada por Mário Crespo.Em foco, a privatização de 20 e tal % das acções da EDP, propriedade do Estado português,que como é sabido,foram vendidas à Three Gorges,controlada pelo Estado chinês.Maria João, num raro momento de lucidez proclamou a operação como histórica,inicio de uma era de maior "liberdade,igualdade e justiça" para Portugal e para os portugueses.Finalmente a EDP,monopólio da energia eléctrica do país,livrava-se do Estado opressor e injusto,promotor de desigualdades,tal é a linha de raciocínio da jornalista.Avilez já nos habituou a um estilo de "palpitaças,de análises tolas e nada rigorosas,de falar e escrever do que não sabe,mas perante aquela proclamação apoteótica,pus-me em causa.O que é que me teria passado,que falta de capacidade a minha,que não consegui atingir a relevância do acontecimento?É que eu,na minha limitada compreensão,não vejo como é que fico mais livre e me façam maior justiça,quando quase um quarto do controle que o Estado democrático português tinha na eléctrica nacional,passa para a propriedade de uma companhia estrangeira controlada por um Estado ditatorial.
Enfim "mea culpa",que não tenho esperteza para compreender raciocínios superiores...

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Marretas

A pouco e pouco vou ficando cada vez mais "marreta",como aqueles da televisão.Já me começa a irritar estar contra tudo e todos sempre que leio ou vejo as notícias do dia,que faço "zapping" pelos "reality shows" ou ouço estórias da vida.Estarei amargo,mais intolerante, ou simplesmente o que se passa à minha volta alinha por standards cada vez mais pobres?As duas hipóteses,talvez.Seja como for,o certo é que tenho que acabar com as "marretices",que vão minando o humor e promovem o pessimismo.No entanto,e a propósito dos "reality shows" da TV,embasbaco-me com o que vejo e ouço na"casa dos segredos" da TVI,nunca vi pior,uma lixeira.O figurino do programa faz destilar o que de mau existe nas pessoas e nas relações,a exposição despudorada da intimidade individual é do pior,a contribuição para a estupidificação geral do povo intolerável.Obviamente que sei que os jovens portugueses não se reveem no padrão,não são assim,não se exercem naquela mixórdia de actores e situações de lástima...felizmente que neste ponto podemos ser optimistas.

jotacmarques

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Há dias em que

Há dias em que sem razão aparente me dá para meditar sobre o Homem e a sua relação com os demais universos,melhor dito, com os outros seres vivos,animais e plantas.É um acto de higiene mental e profilático,recentrar o problema da natureza humana tomada individualmente e em grupo.Será um cliché,mas ainda assim uma questão eternamente em aberto.Aconteceu-me pensar nisto, por causa de um debate sobre o ensino superior em Portugal, e de um programa do National Geographic,ambos passados na RTP1.Este último, tratava da vida de bichos capazes de feitos impressionantes para adaptação ao meio,nomeadamente uma aranha minúscula, capaz de se deslocar em queda livre,em distâncias superiores em cem vezes o seu tamanho.Caía super velozmente sobre presas colocadas em folhas inferiores,a grande distância,e aniquilava-as em menos de um ai.Uma máquina impressionante de perfeição e eficácia.No entanto pertence a um grupo de animais que é muito mal querido pelas pessoas,no essencial por causa de um imaginário mítico-popular desfavorável, e talvez,por caber no padrão estético do horroroso.Quando aparecem,quase toda a gente se empenha em assassiná-las sem piedade.No debate sobre o ensino superior,falou-se muito de investigação científica e de cientistas,jovens e velhos que se dedicam a perceber o que nos rodeia,a criar forma de nos tornar a vida mais fácil.Esta gente partilha os seus "skills",nomeadamente a sua inteligência e tenacidade,com o Mundo,numa dádiva de generosidade impagável.É curioso como nos dois casos,um que avilta a perfeição,outro que a persegue,emerge a contradição que somos.Nesta contradição que se desloca entre " o preto e o branco,nas cem variedades de cinzento" reside a essência da natureza humana, e portanto e porque é imperfeita,também a relação com as demais realidades existentes o é.Claro que esta conclusão vale o que vale,provavelmente pouco,mas nem por isso a deixo de partilhar...porque me ocorreu hoje.

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

MANOEL DE OLIVEIRA

Manuel de Oliveira é cá dos meus!
Em entrevista dada a Fátima Campos Ferreira da RTP1,a 11 de Dezembro,no dia do seu aniversário,estabeleci uma relação de sintonia com M.de Oliveira,que, confesso,não tenho com a sua obra.Manoel,permito-me a familiaridade,é um homem de 103 anos,com uma clarividência notável,um conversador excelente.Os seus filmes,muitos e longos,tiveram inúmeros prémios,o realizador é venerado em todo o Mundo,mas o que me interessa neste homem ,é a sua longa vida,as suas vivências ,o seu olhar de tantos anos.Descobri ao longo da entrevista,um ser humano que olha os outros,as coisas e aos acontecimentos, com uma enorme simplicidade e bonomia,alguém que sabe da sua importância humildemente.Deu lições de vida sem valores absolutos,criou espaços aos outros,alegrou-se por estar vivo,reconheceu a efemeridade das pessoas e das coisas.Manoel de Oliveira atingiu a simplicidade,a síntese,da enorme complicação que é a vida.Agradeço que o tenha manifestado tão claramente nesta meia hora de conversa,que me tenha ensinado tanto em tão pouco tempo.

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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Inversão

Os franceses e os alemães chegaram a acordo sobre o que se deve fazer para atenuar a crise das dívidas soberanas e salvar o euro.Os jornais não falam de outra coisa,alguns até ironizam com a capitulação de Sarkozy face a Merkel.De entre as medidas acordadas, realço o mecanismo automático de sanções para quem pisar o risco dos 3% do deficit imposto pelo "pacto de estabilidade",e o papel de vigilância no desempenho orçamental a cargo dos Tribunais Constitucionais de cada país.Claro que quem defende que só se deve gastar o que se tem,que o endividamento sistemático e sem fim é insuportável,tem que concordar com estas medidas.Tratam-se de imperativos da boa gestão que resistem solidamente à controvérsia das ideologias.A questão central de tudo isto não reside nesta ou naquela medida,que consideradas individualmente são válidas,mas no modelo adoptado para resolver a crise.Aí sim,a concepção politico-ideológica é fundamental,é a determinante do modelo social e económico que se desja.
Decididamente rejeito o modelo ultra liberal que nos estão a impor,de empobrecimento rápido e generalizado,contraposto ao enriquecimento cada vez maior do capital financeiro especulativo.A ideia é a de fazer recuar os padrões de vida de alguns estados europeus 30 ou mais anos,e ainda por cima, numa expiação dos excessos pecaminosos desses países,que em última análise contribuíram para a fartura de outros,vidé o caso da Alemanha.A Economia começa e acaba na satisfação das necessidades da pessoa,e por isso mesmo, ética e moralmente não deve ser um instrumento de gritantes desigualdades,como está a acontecer cada vez mais.Cabe aos povos, quando a subversão deste princípio acontece,inverter a situação,assumindo claramente a ruptura com os políticos e a política responsáveis pelo facto.

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domingo, 4 de dezembro de 2011

HABEMUS PAPAM

A expectativa era alta,mas fiquei desiludido.O filme é interessante,a ideia de um papa que não o quer ser,um psicanalista narcisista que é chamado para o tratar, a fuga do Vaticano,vai definir o estilo de comédia,mas como o assunto é sério ficamos nas meias tintas.Vislumbra-se uma critica à hierarquia da Igreja,ao seu conservadorismo,à incapacidade de interagir com os problemas do mundo actual,à politica de fachada.No entanto,parece-me que se trata o tema com luva branca ,não se quer complicações.Não é por acaso que o Vaticano difundiu a notícia de que esta obra não tomava posição contra ou pró Igreja.Nanni Moretti é mais corajoso,mais incisivo e "engagé",noutros filmes que realizou.No "Quarto do filho",por exemplo,trata o tema sem artifícios,é mais profundo,claro e transparente.Esta película arrasta-se entre a comédia e o drama,sem se definir,perde-se em repetições,é monótona e tíbia.
Gostei frouxamente, acrescentei pouco,se não visse não vinha mal ao Mundo.

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mudanças

Resolvi mudar o nome deste blogue,o anterior era muito bem intencionado mas nunca funcionou.Por agora julgo que este nome está mais de acordo com a caminho que as coisas seguiram.

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