As crises em Portugal são endémicas,geram-se na incapacidade do país não ser capaz de se bastar a si próprio há centenas de anos,praticamente desde a sua fundação.A verdade é que somos uma nação que mesmo em períodos áureos nunca conseguimos soluções de desenvolvimento sustentado,sempre com dependências económicas/financeiras e políticas do estrangeiro.As desigualdades económicas e sociais internas foram sempre muito acentuadas,e é o povo que tem aguentado mais ou menos com resignação e estoicidade todo o género de violências, e suportado com trabalho e privações os delírios e incompetências dos governantes e outros gestores da vida nacional.Tomando como referencia o período de tempo que vai dos descobrimentos até à 1ªmetade do sec.XVIII,as grandes oportunidades de desenvolvimento que poderiam ter sido financiadas com o dinheiro e o ouro gerado pelo império colonial,ou não foram fomentadas ou goraram-se rapidamente.Preferiu-se o descaminho da riqueza colonial em luxos importados e grandezas palacianas,enquanto a fome alastrava,com os campos ao abandono e quase todos os bens transformados a virem do estrangeiro.Tentativas de alterar o estado das coisas, levadas a cabo primeiro pelo Conde da Ericeira e depois pelo Marquês de Pombal, foram sabotadas por aliados e pela elite aristocrática nacional, safando-se o Fontes Pereira de Melo no sec.XIX.
Mas onde pretendo chegar é ao tempo actual,que transportando uma carga genética tão negativa, no contexto do que estou a tratar,tornou-se num pesadelo insuportável.Os limites que a ética e a moral devem impor na relação de um governo e da clique dominante com o seu povo, foram completamente ultrapassados,e a situação é de regressão da qualidade de vida dos portugueses a níveis de 20 ou 30 anos atrás.Apesar da lentidão e dos altos e baixos das políticas de desenvolvimento implementadas ao longo da nossa história,sempre houve crescimento,anémico é um facto,lá ia andando,mas estado das coisas actual é o de desandar,de involuir,e nunca ou raríssimas vezes tal aconteceu com a importância que a situação evidencia,parecendo tratar-se de um processo planeado,com uma dominante carga ideológica ultraliberal,que pretende atingir o objectivo de degradar num grau muito elevado os níveis da qualidade de vida,de modo a que o mundo empresarial através da compressão dos custos do trabalho, ganhe maior capacidade na concorrência com as empresas das potencias emergentes,nomeadamente as asiáticas.Acredita-se que para aumentar a produtividade dos países ocidentais,o caminho é o de pagar menos pelo trabalho e reduzir violentamente os direitos sociais dos trabalhadores,reduzindo salários e pensões,aumentando os impostos e eliminando ou cortando nas prestações sociais.O resultado destas políticas delirantes está à vista de todos,recessão,desemprego,aumento exponencial da pobreza.
Tudo isto se passa numa Europa comunitária,em países com passados históricos intimamente ligados ao desenvolvimento da humanidade, no sec.XXI,num tempo em que se dispõe de um notável avanço tecnológico e humano,como nunca antes existiu.Um colossal paradoxo,em que por um lado dispomos de enormes e melhores recursos, mas em que por outro, a maioria da população é remetida para uma partilha cada vez menor.É evidente que alguém se está a apropriar indevidamente do que nos é tirado,que as elites políticas e financeiras se chegaram à frente para o festim,só assim se compreendendo que as diferenças entre ricos e pobres sejam cada vez maiores.A questão que se coloca é a de ...o que é que vamos fazer com tudo isto?Vamos assistir passivos e resignados,ou vamos resistir e dar a volta?
jotacmarques
Resistir e dar a volta, para mim será não cruzar os braços com a desculpa de que "não adianta nada" e, em vez disso, fazer o que está ao nosso alcance. Mudar o que podemos mudar, nem que seja apenas fomentar a troca de ideias entre os nossos amigos mais próximos, para não nos tornarmos um rebanho ignorante e dócil, fácil de levar.
ResponderExcluirTambém acho!
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