Já antes escrevi sobre o medo como arma letal de dominação, usada pelos governantes que governaram ou governam contra os seus povos. Creio que me referi a Estaline, que usou largamente a "política do terror" na colectivização dos meios de produção industriais e da terra, neste último caso contra a vontade de milhares de pequenos proprietários rurais que não queriam ser expropriados. Estaline levou a cabo através do terror purgas radicais contra os seus opositores políticos, dentro e fora do partido, e ordenou gigantescos e mortíferos "progroms" com base no medo incutido às pessoas. Neste e noutros regimes e países (nazismo, fascismo e recentemente no Ruanda, no Sudão, na Sérvia e na Bósnia, só para referir alguns) o medo foi utilizado como arma política, para que "cliques" de poder fizessem o que entendessem, sem olharem às criminosas consequências que viessem a abater-se sobre os seus concidadãos.
A institucionalização do "terror" como política "oficial" dos regimes em que o cidadão integra inconscientemente o "medo", isto é, não protesta no emprego contra iniquidades porque tem medo de perder o lugar, não se revolta porque tem medo de sair da sua "zona de conforto", não investe porque tem medo do dia de amanhã, corresponde a um estado de espírito permanente e sociabilizado em que o indíviduo deixa de ser e de se exercer livremente.
Presentemente é o que está a acontecer no nosso país e de um geral na Europa. O governo português utiliza constantemente o medo para implementar as políticas ultra-liberais, os portugueses são permanentemente aterrorizados com a banca rota, a saída do euro, enfim, são coagidos a aceitar a inevitabilidade das medidas de austeridade que o governo impõe, sob pena de lhes acontecer uma catástrofe ainda pior.
O medo faz parte do nosso dia a dia, como de resto se colou à pele dos países da União Europeia, que de união já nada tem, subsistindo apenas o "medo" como cimento agregador. O projecto europeu e os seus príncipios inspiradores estão mortos, a UE só não se desagrega oficialmente porque desconhece as consequências reais desse acto.
O cidadão comum quando julga que talvez ainda possa salvar umas pequenas migalhas do que anteriormente tinha, principalmente no que se refere ao seu nível de vida e ao "Estado Social", apostando na remodelação ou na reconversão das políticas deste governo ou na alternativa do Partido Socialista, está profundamente enganado.
A questão não reside na alternância de governos ou de partidos, pelo menos destes partidos, reside na natureza do "sistema político, económico e social". Ou será que é indiferente que o "sistema " permita que o presidente da EDP tenha recebido 3 milhões e tal de euros como remuneração em 2012 e entretanto não se queira aumentar o salário mínimo para 500 euros?
É claro que não é indiferente! É escabroso ,é indecentemente imoral e sem ponta de ética!
Ou nos batemos por uma nova organização política, económica e social, com moral e com ética, ou só nos resta este pântano em que estivemos, estamos e continuaremos atolados!
jotacmarques
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