sábado, 23 de março de 2013

Anormal

O confisco sobre os depósitos bancários no Chipre coloca a velha questão da competência e da sanidade mental das pessoas que estão encarregadas, em nosso nome, de tomar decisões sobre assuntos que nos afectam a todos.

Não  interessa aqui analisar as perigosas consequências do que se pretendeu/e fazer no Chipre, interessa  perceber a coerência e a lógica da decisões, em que condições foram tomadas  e tentar   avaliar a saúde mental dos protagonistas deste episódio.

Muito se tem escrito sobre o estado de saúde mental de personagens decisivos no passado histórico dos povos, sobre Estaline e Hitler foi dito que tinham personalidades paranóicas, a propósito de Roosevelt sabemos que estava profundamente doente quando esteve em Ialta onde se decidiu a partilha  da Europa e dos seus satélites em blocos políticos de influência, Salazar isolou-se do mundo político do seu tempo num quadro de misantropia, e muitos mais exemplos existem , uns mais graves outros menos, mas que levam a crer que distúrbios de personalidade e situações clínicas patológicas interferiram negativa e decisivamente na capacidade física e mental de governantes importantes e portanto na natureza das suas decisões.

Sabendo-se que a crise da zona euro é fundamentalmente uma crise de confiança, com o sistema bancário no centro do furacão, os governos e o BCE inventaram o inimaginável para sacarem aos povos e entregarem aos bancos, numa corrida desenfreada para os salvarem da banca rôta. Diga-se de passagem, porque nunca é demais dizê-lo, que a situação dos bancos é única e exclusivamente da sua responsabilidade, com origem na especulação ganânciosa do capitalismo financeiro selvagem.

Entre as muitas medidas tomada pela autoridades financeiras da Europa, porque era absolutamente vital com a crise do euro e dos bancos fixar os depósitos de aforro, a garantia de que os Estados se responsabilizavam pelos depósitos bancários até 100.000 euros sossegou os pequenos depositantes, que continuaram a canalizar as suas poupanças para o sistema bancário. O volume de depósitos nos bancos portugueses, em dada altura até aumentou significativamente após o anúncio da medida referida. Outra medida importante foi a entrada decidida e activa do BCE no mercados obrigacionistas primário e secundário, com bons resultados na descida das taxas de juro das dívidas dos países europeus em dificuldades.

Acreditou-se a partir daí que o euro já não estava em risco, que o pior já tinha passado.

Agrava-se então o problema do Chipre, há muito tempo a balões de oxigénio , num quadro de irresponsabilidade colosssal dos dirigentes cipriotas e europeus que deixaram degradar a situação durante meses sem tomarem as atitudes resolutivas que se impunham.

Os ministros das finanças europeus em reunião fora de horas, num "brainstorming" esgotante, stressados pela eminência de uma resolução, entre saídas e entradas na sala, conversas de corredor e mijas, tomam as brilhantes decisões que se conhecem . 

O imposto sobre os depósitos bancários, mesmo para os abaixo de 100.000 euros, foi fatal para a confiança no sistema financeiro. No dia seguinte o caos nos bancos cipriotas, nas bolsas europeias e nos mercados da dívida estava instalado. Apesar do recuo feito à pressa e atabalhoadamente a instabilidade persiste.

Digam-me lá se não é de desconfiar da sanidade mental de quem se compromete com garantias que depois sabota, sem pensar na consequências e deitando a ética para o caixote?

Serão "normais" as pessoas que nos arrasam com impostos para salvarem o sistema financeiro e a moeda, e que em dado momento, em  condições deploráveis, tomam medidas precipitadas de que se arrependem no dia seguinte, e que voltam a pôr  em causa o que dizem querer salvaguardar?

Acho que não!  Estamos a ser conduzidos para o abismo por pessoas que não andam com a cabeça em condições, e que, para o seu e o nosso bem,  devem vonluntáriamente ou  obrigadas  desaparecer dos centros de decisão.

jotacmarques

 




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