quinta-feira, 29 de março de 2012

Os vendilhões da desgraça


Anda por aí uma colecção de novos"filósofos" da teoria do trabalho,que se desdobram a apregoar as suas teses, em debates televisivos,entrevistas nos media,sites na internet,etc..A teoria consiste  básicamente,na promoção da venda da força de trabalho como uma mercadoria,isto é,qualquer pessoa que queira ter êxito profissional e social,deve apresentar às empresas a que se candidata, a sua capacidade para trabalhar,num registo agressivo e enfático,na consideração de que, a sua força de trabalho  é uma  mercadoria de alta qualidade,com um elevado valor de troca no mercado.A teoria assenta na  proposição de que  no mercado tudo se vende e compra,tudo é uma mercadoria transacionável,e o trabalho não foge à regra.Já tive a desdita de ouvir recentemente,pelo menos dois gajos arengarem sobre o assunto, um deles, tipo alternativo para o bimbo com muitos adornos de visual e pronúncia do norte,que defende que é preciso"bater o punho",para um gajo/a se impôr,o outro, género "new age" beto,que dentro dos mesmos príncipios teóricos  se especializou a apoiar quem pretende emigrar,dando palestras e conferências,mantendo sites na net,participando em debates,em mesas redondas,etc.,etc,.Ambos arranjaram um rentável modo de vida,uma pantomina que gera um dinheirão,ocuparam  "nichos de mercado" inovadores e necessários,diriam eles,na sua linguagem estereotipada.A teorias defendidas não passam de uma charlatanice ultra-neoliberal,que em última análise, pretende reduzir as pessoas a neo-escravos,que se vendem num mercado de trabalho implacável  que quer comprar a mercadoria ao preço mais baixo possível,eles os teóricos,são charlatães,que representam aqui o papel que outrora os defensores do esclavagismo representaram.A descontextualização social e humana no binómio  trabalho-trabalhador em que estas teorias se baseiam,estão na base do valor cada vez mais baixo dos salários e do cerceamento dos direitos dos trabalhadores,não sendo de admirar que actualmente se ofereçam ordenados de 600 euros a pessoas com  qualificações académicas e  educativas,geralmente licenciados,quando não há muitos anos  em igual situação,os ordenados andavam na ordem dos 1500 euros.Os dois iluminados em questão,parece que são muito ouvidos pela malta nova,é claro que  num tempo de falta de esperança no futuro e de um presente de desagregação,quem fala alto e com convicção,numa verborreia sebastianista que não dá tempo para reflectir,pode impressionar,mas uma análise mais ponderada de conteúdo revela rápidamente a natureza das balelas,que não passam de tretas de banha da cobra mal amanhadas.Quando se reduz o trabalho,a qualquer coisa que se vende e compra,numa amoralidade ética do lucro acima de tudo,com as pessoas a valerem o que os mercados  dão por elas  em dólares ou euros,numa regulação comercial que não considera o valor humano,social e individual  dos trabalhadores,caminha-se para num regime de neo-escravatura humana onde quem não alinha  cai num destrutivo desemprego crónico.O combate a esta lógica  é impossível  sem governos que defendam, sem cinismo, o estado-social,o único que respeita o valor humano,social e individual do trabalho,podem ser mais à esquerda ou mais ao centro,mas todavia, que defendam o estado social,como os que foram construídos na Europa do pós-guerra,e que agora estão a ser desmantelados pedra por pedra,na voragem do neo-liberalismo militante de grande parte dos governos europeus,nós incluídos.Trata-se ,sem qualquer dúvida,de uma mudança de paradgima,ideológicamente alicerçada ,estratégica e tácticamente muito bem planeada e eficaz, prenunciando uma nova fase do capitalismo mundial,na tentativa de ganhar uma nova alma que adie a derrocada inexorável e fatal.
Os dois iluminados de que falávamos,são meros faxinas de serviço,peões de brega a prazo, descartáveis, de quem não mais se irá ouvir falar em breve....como tantos outros,antes deles!

jotacmarques

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