quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Precisões de linguagem

 Governo, opinion makers, deputados, etc, todos os dias nos massacram com declarações de que é preciso cortar nas despesas do Estado para que os impostos não subam a níveis absurdos. O que à  primeira vista parece estar certo, surge duvidoso quando nos interrogamos sobre o tipo de despesa a cortar. 

O que geralmente acontece é que as despesas consideradas pelo Governo, não são de modo nenhum as que o cidadão comum quer ver diminuídas. O Governo avança com cortes na saúde, na educação, nas prestações sociais, o cidadão gostava de ver cortes na frota automóvel de luxo, nas ajudas de custo dos altos funcionários, nos almoços e jantares pagos pelo erário público, nas reformas escandalosas dos administradores  das empresas públicas, etc. Também gostava o cidadão comum que, se denunciassem os contratos feitos pelo Estado com o mundo empresarial privado em que estes saíram manifestamente beneficiados,  as obras públicas não disparassem os custos  para valores duas ou três vezes superiores ao inicialmente previsto,   as mesmas obras considerassem nos projectos o principio da estrita necessidade,  não fossem decididas para satisfação de clientelas político-partidárias, não fossem para os intervenientes do processo embolsarem ilegal e criminalmente dinheiro dos contribuintes, não tomassem dimensões megalómanas, enfim, tivessem em conta o cuidado criterioso que deve presidir à gestão do dinheiro público.

No entanto não foi nem é o que se passa, como todos sabemos, o que acontece é exactamente o contrário. Fizeram-se rotundas aos milhares, inúteis muitos milhares, estádios de futebol que não foram nem são utilizados, procedeu-se à  recuperação e construção do parque escolar à rica, com escolas próprias dos países mais ricos do planeta,  à construção de equipamentos desportivos e culturais de luxo  feitos pela autarquias e que só são utilizados uma mão cheia de vezes por ano quando o são, construíram-se  autoestradas do "lá vai um" para satisfazer caciques, gastou-se à bruta na Expo98 para agora se ter privatizado o Pavilhão Atlântico e não se saber há anos o que fazer com o Pavilhão de Portugal, etc, etc.

É a isto que o povo quer ver o fim, que se ponha um ponto final, não é aos cortes na educação e na saúde, não é que se reduza na cultura a ponto da vida vegetativa, o que o povo quer é correr de vez com as práticas e os protagonistas que enterraram o país, não é de modo nenhum a minimização de sectores públicos estruturante e nucleares ao presente e ao futuro de Portugal.

Evidentemente que, quando se reduz brutalmente nos direitos constitucionais e se faz pagar serviços anteriormente grátis ou se agravam taxas, na prática corresponde a mais impostos ou a cortes salariais, ou ainda  ao que se pretendia com a famosa novela  da TSU .

Ás  palavras correspondem conceitos que devem ser inequívocos, neste caso, quando se fala de despesa é conveniente precisar do que é que falamos, porque óbviamente que não estamos a falar da mesma coisa .

Será mais um erro de comunicação, ou será que nos querem atirar areia para os olhos???

jotacmarques

2 comentários:

  1. Querem confundir-nos,atirar areia para os nossos olhos . E ainda há quem os queira desculpar ( como o nosso amigo marcelo rebelo de sousa) , afirmando que o problema é APENAS de comunicação...

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  2. "eu não escrevo mais sobre política!!!" hehehehe, folgo que não se cumpra a promessa.

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