domingo, 24 de junho de 2012

Lisboa

Lembrei-me de que quando era miúdo havia uma redacção modelo sobre a vaca,  mais ou menos assim: a vaca é um animal com quatro patas. a vaca é a mulher do boi. a vaca dá a carne para comermos. a vaca dá o leite para bebermos e que faz muito bem aos ossos. a vaca dá a pele para fazer sapatos e malas. etc. etc.
O texto terminava com a declaração exclamativa: eu gosto muito da vaca!

Sobre Lisboa.

Lisboa é a minha cidade.nasci em Lisboa num bairro muito bonito chamado Campo de Ourique. Lisboa tem muitas casas pequenas e grandes. as casas pequenas são dos pobres e as grandes dos ricos. Lisboa tem sete altos chamadas colinas e um rio chamado Tejo. a cidade derrama-se lenta das colinas para o rio  como o mel que se entorna do pote. o Tejo é ouro do Sol e prata da noite. Lisboa tem muita luz que vem do Sol. a luz é tudo, o melhor de Lisboa. muito clara e brilhante inunda o espaço e a  mente de nitidez . há muita gente que vem a Lisboa por causa da luz. Lisboa tem vários bairros muito antigos e bonitos. Bairro Alto, Madragoa, Alfama, Mouraria, etc. quando se lá anda esquece-se as tristezas,  é só alegrias.alegrias de quadros pintados entre o casario que foge para o rio. alegrias de gente simples e afável nas ruas,  nas pequenas lojas do bairro. são muito comunicativas estas pessoas. têm muitas flôres nas varandas e às vezes em vasos à porta. as pessoas destes bairros falam muito umas com as outras, não é como nos bairros finos onde os vizinhos nem se conhecem. deve ser por isso que  gente destes bairros populares quer muito lá viver. nem podem ouvir falar em sair de lá, ficam muito tristes. dizem eles que aqui as relações são mais humanas mais próximas da  essência. não sei, eles lá devem ter as suas razões. nestes bairros há muitas praças e pracetas aonde as ruas vão desembocar em labirintos intrincados. mas a côr, a côr  é um deslumbramento. parece quadros a óleo daqueles pintores  talentosos com pinturas a custar muito dinheiro.eu quando passeio por estes sítios ando sempre embasbacado a descobrir e/ou a redescobrir obras primas. na gente, nas casas,  na algazarra, no bulício e na azáfama das vidas. é tudo tão palpitante e belo. sabem que estes lugares e a cidade em geral já estiveram moribundos. pois, pois, a partir do fim da tarde era um deserto, principalmente no centro da cidade. é que despejaram as pessoas nuns sítios chamados subúrbios e no centro passou a ser só bancos e empresas importantes. até os  "cafés" se tornaram em bancos e escritórios. era como se não importasse a "alma" da cidade". depois também fecharam muitas lojas. os portugueses passaram a ir a uns sítios muito grandes e com muitas lojas juntas lá dentro chamados centros comerciais. ele há tantos na cidade, como nunca vi no estrangeiro. são todos muito parecidos, quase iguais, então as lojas são sempre as mesmas. deve ser por ser moderno que os portugueses passam lá vida, não sei. ah! e talvez  porque prometem muitos descontos e cartões. mas agora felizmente a cidade já não está a morrer aos bocadinhos. há muita animação nos bairros e no centro. muitos bares e restaurantes . mas o mais importante são as pessoas, há muitas, carradas de pessoas na rua, muita malta nova.  mais à noite,  porque de dia ou estão a trabalhar ou nas bichas dos centros de desemprego. em Lisboa também há muita oferta cultural. isto quer dizer que há muitas exposições de arte, muitos concertos, muitos encontros sobre a cultura, essas coisas. é pena é que os bilhetes custem os olhos da cara. com estes preços só um pequeno grupo de pessoas é que pode ir a essas coisas, a  élite é como lhe chamam. depois fala-se muito e alto que o povo tem que ser educado, que as pessoas devem de ser cultas, não vejo é como, se não podem ir a estes sítios tão caros. sabem , é como as pescadinhas de rabo na boca que gosto muito de comer fritas. a propósito, a gastronomia em Lisboa está no alto. os estrangeiros pelam-se. e os nacionais também. os restaurantes andam mais vazios por causa da crise, excepto os caros e muito caros. dizem que para alguns é preciso reservar mesa com muitas semanas de antecedência. por acaso faz-me muita confusão como é que custando tanto dinheiro e sendo portanto quase só para os ricos estão a abarrotar. é que eu só vejo falências e deslocalizações de empresa e os ricos a queixarem-se da crise. como se fossem o homem comum que está à rasca. o cheiro em Lisboa também é muito bom. é diferente. então o da maré que enche o rio é um perfume. a maresia é como se diz. Lisboa tem uma canção muito sua chamada fado. a música e as palavras são  nostálgicas. ouve-se em silêncio e com a emoção das coisas sublimes. fala de amores em desgraça e da saudade. Lisboa é e será sempre o meu porto de abrigo. aqui cheguei e daqui parti, mas estou sempre a regressar.

Eu gosto muito de Lisboa!

jotacmarques






jotacmarques   

2 comentários: