quinta-feira, 5 de abril de 2012

Antes tarde que nunca

Finalmente  percebo  porque é que os jovens são, na grande maioria, tão desinteressados da coisas da política. Poucos votam , não se interessam por debates, não leêm  jornais, alheam-se dos partidos, não se reconhecem nas ideologias, enfim, não são politicamente activos.

São tão substancialmente diferentes da geração dos seus pais, que muitas vezes são alvo de uma crítica permanente por parte destes. São criticados por preferirem o efémero, o descartável, a superficialidade de modas e festas mesquinhas,a dos meses de namoro, as dos aniversários dos amigos e amigas, a de tudo e mais alguma coisa passível de se festejar, numa comemoração permanente e sistemática.

A devoção à família  é canina, é o enorme e último refúgio, mantido sempre, mesmo depois de  serem autónomos.
A família é a certeza infalível e permanente, contraponto à efemeridade e à incerteza que predomina no mundo actual.

 Para além da família e dos amigos pouco mais subsiste de verdadeiro para os jovens, e a politica, mundo de mentiras e aldrabices, do vai e vem de actores e "tachos", paradigmas da bandalheira actual, não é de certeza o que mais lhes interessa.

A tristeza e a tragédia de tudo isto, reside no simples facto de que sendo os os pais destas gerações, os educadores que conduziram a este resultado, são eles os principais críticos da situação.

Resulta portanto uma enorme contradição, que favorece   inevitavelmente o actual  conflito de gerações.Fala-se de uma decadência dos valores éticos e morais, mas parece-me evidente,que a responsabilidade é dos pais, educadores e  instituições a quem  compete a transmissão dos valores intemporais  de que se lamenta a decadência.

Um desses valores é a intervenção cívica e política ,a obrigação moral de cada cidadão intervir na sociedade a que pertence.A intervenção cívica é um acto politico essencial para a sanidade e dinamismo  da sociedade, e óbviamente que tem que ser ensinado na família e na escola.A questão que se coloca é se é ensinado e de quem é a responsabilidade se não o é!

Creio que não é ensinado, e  que os principais responsáveis são os pais e demais educadores.Por outro lado,os exemplos dados todos os dias pelos políticos actualmente no poder, aqui e no resto da Europa,não incentivam ninguém , sobretudo os mais novos, a por si , se tornarem politicamente actuantes. A auto aprendizagem, como foi o caso dos jovens da minha geração, não é possível com os fracos exemplos actuais, e quando existe dá no que se vê no governo e no parlamento!Consequentemente, os jovens, na sua maioria,  não podiam deixar de ser  passivos no que diz respeito  à  intervenção politica.

Eu, que penso ter agido fora do contexto apresentado, não posso deixar de me indignar quando ouço queixumes, críticas e anátemas lançados aos mais novos,precisamente por quem os devia ter educado de outra maneira, como cidadãos politicamente activos, participativos e responsáveis.

jotacmarques         



Nenhum comentário:

Postar um comentário