terça-feira, 4 de setembro de 2012

Porra que estou farto...

De uma vez  por todas, alto e bom som, com clareza, é preciso dizer que há sectores públicos na vida económica  nacional em que as receitas geradas nunca darão para cobrir as despesas! Os transportes, a saúde, o ensino, a segurança social, nunca, repito, gerarão receitas que paguem os custos, e se isso acontecesse seria à custa da exclusão do benefício desses serviços da esmagadora maioria da população portuguesa. Estamos a falar de garantias constitucionais dos cidadãos, tão importantes como a liberdade de expressão, de reunião, etc, que configuram um todo coerente e indivisível e que constituem a essência da sociedade democrática.

Os custos sociais desses sectores da economia, terão que ser subsidiados pelo orçamento de estado, por isso também se apelidam de custos subsidiados, e por mais que os liberais se esganicem a vociferar contra o facto, a diabolização dessa realidade não pega para quem defende uma sociedade justa e equilibrada para todos. Os impostos que pagamos e que constituem a receita principal do Estado, devem e têm que servir o financiamento dos serviços básicos fundamentais da comunidade. Se não fôr esse o caso, o país democrático e social afundar-se-á inevitávelmente, a exclusão será cada vez maior, e a diferença ente ricos e pobres ganhará contornos intoleráveis. Na situação actual em que a paranóia da relação custo/receita /lucro alastra como água, é previsível a catástrofe que ocorrerá se não nos opusermos. Atente-se nas recentes disposições que o governo tomou a propósito dos passes sociais. Só os membros dos agregados familiares com menos de pouco mais de 500 euros é que têm acesso ao passe social, excluindo-se dezenas de   milhares de cidadãos que anteriormente tinham esse direito, com a justificação de reduzir custos.

Quanto a mim, os impostos que pago devem destinar-se a estes fins, não ao delírio das PPP, das auto-estradas políticas que lobbies de interesses económico-políticos inventam para se amanharem com o nosso dinheiro, não aos ordenados e prémios fabulosos de gestores públicos e camarilhas, não às frotas de dezenas de automóveis de luxo em que se fazem transportes as élites dos poderes, não a um sem fim de modormias abusivas que cresceram por todo o lado à nossa custa.

A febre criminosa das privatização de tudo o que possa ser negócio para a actividade empresarial  privada, exponenciada no disparate da televisão e da rádio públicas, transfere para o sector privado nacional e estrangeiro sectores estratégicos da nossa economia, REN, TAP, EDP, RTP, ÁGUAS, são algumas das grandes empresas estratégicas que foram ou estão em vias de ser vendidas. Estes negócios que nos vão colocar à mercê de interesses em que o lucro é o móbil, que vão provocar milhares de despedimentos por via das políticas de redução dos custos, correspondem à implementação de um modelo político-económico ulta-liberal que acredita na infalibilidade dos mercados.

Desde 2008 que conhecemos os resultados deste modelo, um recuo civilizacional em toda a linha! Se mais não fosse, o exemplo da Grécia é elucidativo, depois de lhes terem vendido submarinos de que não precisavam, de lhes terem emprestado somas astronómicas de dinheiro a juros agiotas que nunca mais vão ser capazes de pagar, e pasme-se, de os peritos de repudiadas agências de rating internacional, das que nos avaliam diáriamente, terem contribuído para aldrabar as contas públicas quando da candidatura do país à UE, vem agora a troika, em defesa das donzelas ofendidas e escandalizadas, vidé a Alemanha que foi a vendedora dos submarinos, defender a imposição de 6 dias de trabalho semanal. Esperemos pela pancada!

Olhe leitor, se concorda com as iniquidades aqui apontadas, deixe-se estar quieto, que eles fazem o serviço, mas se não quer continuar a viver na confusão e incerteza permanentes, a ver o futuro negro, e a contentar-se com 500 euros por mês se conseguir arranjar emprego, não sei do que é que está à espera para fazer barulho.

É que se chegarmos ao ponto de nos porem uma canga ao pescoço como se fazia aos escravos, levaremos muito tempo até nos libertarmos outra vez!

jotacmarques

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