Em Loulé, Mário Soares agastado com a prática do governo, disse que é preciso que as pessoas façam alguma coisa, que lutem contra o que está a acontecer. Soares está contra a avalanche das privatizações, até as águas comentou, solidarizou-se com as pessoas que foram atiradas para a miséria e apontou o dedo a Passos Coelho, acusando-o de não ter sido capaz de reduzir o déficit para 4.5% apesar das pesadas medidas de austeridade impostas.
Não disse foi que tipo de lutas é que as pessoas deviam de adoptar. Já ontem à noite em entrevista de Fátima Campos Ferreira ao filósofo José Gil na RTP1, também ele defendeu a luta de oposição ao rumo imposto pelo governo ao país, no entanto não especificou as acções de luta a desenvolver.
Esta ausência de definição das formas de luta é transversal nas muitas intervenções a que tenho assistido últimamente. Parece haver cada vez mais cidadãos intervenientes, intelectuais, artistas, professores, etc, que estão de acordo na oposição ao modelo que está a ser implementado, mas quanto a estratégias que impeçam o seu avanço não se pronunciam.
Não me parece que haja falta de coragem para o compromisso, que estes cidadãos tenham medo de se comprometer, acho é que não sabem o que fazer. Nem eles, nem eu, e duvido que haja muita gente que o saiba!
Os acontecimentos são novos, desconhecidos,ainda que de alguma maneira tenham pontos de contacto com outras situações anteriores. No essencial, as pessoas foram apanhadas desprevenidas pela torrente dos acontecimentos, comportamentos na economia e nas finanças que não reagem às fórmulas conhecidas de os controlar e influenciar, não esperavam a enorme vitalidade das doutrinas liberais que muitos julgavam aniquiladas pelo crash de 2008 e episódios subsequentes.
Por outro lado, as pessoas das gerações mais recentes que estão em condições de tomar partido são substancialmente diferentes daqueles, mais velhos, que exercem a sua acção com visibilidade pública, e que estão em posição de ser referências inspiradoras. Mário Soares é com certeza uma referência na democracia portuguesa, mas o seu "habitat" pouco tem em comum com os mais novos.
Os partidos encarregaram-se de fazer desmobilizar os jovens da política. Com práticas e discursos a cheirar a mofo, apenas interessam aos jovens das jotas que quando forem grandes querem no mínimo ser secretários de estado.
O quadro não é encorajador, mas a urgência da acção não se comove com desgraças, ou actuamos ou perecemos. Para problemas novos soluções novas, cabe a cada um encontrar dentro das suas melhores capacidades e aptidões a sua forma de oposição, pode ser na escola, no emprego, na família, no bar, na rua, na net, o importante é que haja acção reactiva. O poder tem de saber que tem opositores activos contra a politica da calamidade, tem que ser pressionado para recuar!
Olhe, se não sabe por onde começar, fica aqui uma informação que pode ser útil, no próximo dia 15 há uma manifestação de rua contra a troika.
jotacmarques
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